O filme “A rede social”, de David Fincher, conta a história de Mark Zuckerberg, um dos criadores do Facebook. O retrato que a produção faz dele não é nada positivo. Segundo o filme, Zuckerberg não é bom apenas em computação. Seus talentos incluem puxadas de tapete e rasteiras em amigos e sócios.
Até aí tudo bem. Ninguém chega a faturar bilhões sem se emporcalhar. Na economia “pontocom” não seria diferente. O que assusta mesmo é o vazio do personagem principal.
As maiores ambições de Zuckerberg são fazer parte de clubes exclusivos, ser um alto executivo, transar com lindas mulheres, ganhar bilhões. Mas nada parece lhe dar mais prazer do que vencer. Preocupado com isso, ele não tem muito tempo para curtir clubes, cargos, mulheres e dinheiro.
O filme começa e termina sem que o talentoso jovem tenha feito ligações duradouras com quem quer que seja. Neste caso, não seria coincidência que um solitário tenha criado a mais ampla rede de contatos do mundo.
O filósofo francês Jean Paul Sartre dizia que no capitalismo vivemos em uma sociedade serial. Usava o exemplo das filas de ônibus. As pessoas estão juntas, mas não estão acompanhadas. É um ajuntamento de solidões.
Ao que parece, redes virtuais acabam sendo mais seriais que sociais. Ajudam a aprofundar uma lógica que produz intimidades remotas e multidões solitárias. É a fila do ônibus que invade a casa ou o escritório. Alguém que tem 235 contatos e acha que são todos seus amigos está tão sozinho quanto Zuckerberg em “A rede social”.
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