Centenas de famílias que vinham ocupando prédios do INSS nas capitais paulista e fluminense já receberam seus presentes de Natal. Despejos violentos, com ou sem determinação judicial. Esta última é facilmente fornecida por juízes a serviço do poder econômico. Mas pode ser desnecessária quando o aparelho policial faz uso de seus cassetetes sem maiores formalidades.
O fato é que milhões de pessoas estão longe de conquistar o direito básico a uma moradia digna no Brasil. Para garanti-lo seria preciso construir cerca de 5,8 milhões de casas. Em resposta a essa situação, o Ministério das Cidades criou o programa “Minha Casa, Minha Vida”. O objetivo é construir 1 milhão de unidades.
Mas, segundo o último censo, há cerca de 6 milhões de domicílios vagos no País. Pelo menos 200 mil a mais do que o necessário. Além disso, o Ministério da Previdência possui mais de 5 mil imóveis. Todos confiscados de devedores da Previdência Social. Destes imóveis, quase 3.500 estão vagos.
Ou seja, seria possível zerar o déficit habitacional nacional sem construir uma única casa. O problema é que desocupar imóveis implica brigar com proprietários. Entrar em choque com o poder econômico. Já criar programas habitacionais oferece oportunidades de lucros para empreiteiras, financiamentos para bancos, eventos espetaculares na grande imprensa. Resumindo, fazer do jeito que o poder econômico quer.
A tradição popular sempre povoou as casas vazias com assombrações. Talvez, porque a existência de moradias sem moradores atraia a condenação eterna para quem a provoca. Que assim seja!
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