O assunto do momento é o Wikileaks, site dedicado ao vazamento de documentos governamentais secretos. Desde julho, já foram revelados quase 350 mil papéis. A Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que se trata de “um ataque ao mundo”. A cúpula sobre mudanças climáticas do México estaria sendo afetada pela divulgação dos documentos. Julian Assange, fundador do Wikileaks, acaba de ser preso em Londres sob acusação de crimes sexuais.
Nada disso parece ser o que aparenta. É verdade que o mundo vem sofrendo os ataques de que fala a Sra. Clinton. Mas, os documentos vazados revelam que seu maior autor é o governo que ela representa. São milhares de telegramas e memorandos cheios de instruções para espionar, caluniar, mentir, omitir, atacar, sabotar. Seus alvos principais: governos rebeldes, movimentos sociais e partidos de esquerda.
O vazamento de documentos oficiais sobre a questão climática seria uma boa desculpa para justificar a impossibilidade de que se chegue a algum acordo decente. A prisão de Assange também é muito suspeita. Assim como é errado considerá-lo um terrorista anarquista e irresponsável.
Assange já disse que é a favor dos mercados. Além disso, o Wikileaks vem mantendo uma parceria informal com cinco grandes publicações mundiais: "Times", "Guardian", "Der Spiegel", "Le Monde" e "El País". Jornalões que nada têm de anarquistas ou terroristas. Tudo indica que o perigo representado por Assange é sua própria crença de que no capitalismo pode haver liberdade de expressão.
A avalanche de informações continua sendo administrada pelas grandes corporações da mídia. Difícil é esconder seu fedor. Já vale alguma coisa.
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