Centenas de pessoas estão acampadas em Wall-Street desde 17/09. Seriam parte de um novo movimento social. Um rompimento com a esquerda tradicional, seus partidos e sua política velha. Talvez, não seja bem assim.
Um dos cartazes vistos no acampamento diz "Bem-vindos aos Estados Soviéticos da América". Uma defesa do socialismo estatal stalinista? Improvável. Afinal, um dos alvos dos manifestantes é a estatização dos prejuízos da crise. O socorro que foi dado aos bancos pelo governo, às custas da maioria dos americanos.
É possível que indique a presença de um leninismo de que poucos suspeitam. Neste e em outros acampamentos espalhados por praças e ruas da Europa, África e Oriente Médio. Saibam seus participantes ou não.
Lênin defendia a ação organizada. Organização não falta aos acampamentos: alimentação, vigilância, segurança, banheiros, primeiros socorros, programações culturais e até salas de imprensa. Tudo administrado de modo comunitário, de baixo para cima. Como nos sovietes russos.
O leninismo defende palavras de ordem concretas. A Revolução Russa foi feita sob a exigência de “Pão, Paz e Terra”. Os indignados de Wall-Street dizem ser a voz “de 99% do país, e não a de 1% que continua enriquecendo". Difícil ser mais concreto.
Não há uma organização revolucionária disciplinada e centralizada, claro. Mas não deixa de haver centralismo democrático no funcionamento das assembléias. Onde o debate rola solto, mas as decisões são respeitadas e cumpridas unitariamente depois de aprovadas.
Não é bem Lênin. É o poder da luta que se organiza a partir de baixo. Algo que os revolucionários russos aprenderam a respeitar. Mais antigo, vivo e revolucionário do que parece.
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