Muitas dessas categorias têm governos como patrões. E se deparam não apenas com o desrespeito e autoritarismo deles. Suas próprias direções sindicais representam obstáculos. É que muitas delas ajudaram a eleger tais governos. E vários de seus diretores foram nomeados para cargos públicos.
No caso dos bancários, o caso parece mais grave. Há muitos anos, as direções sindicais dos trabalhadores no sistema financeiro vêm se rendendo ao discurso patronal. Defendendo diálogos “civilizados” e entendimentos “propositivos” com os tubarões das finanças. Ou seja, assumindo um sindicalismo ao gosto do neoliberalismo.
Na atual greve, não poderia ser diferente. E quem alerta é ninguém menos do que Olívio Dutra. Muito antes de ser governador e prefeito, Dutra foi bancário. Presidiu o sindicato de Porto Alegre nos anos 70. Comandou uma greve geral do setor em 1979. Por isso, foi preso pela ditadura e perdeu seu mandato sindical. É fundador da CUT.
Recentemente, ele criticou o sindicato que presidiu. Desaprovou a contratação de pessoal para distribuir panfletos na atual greve da categoria:
Esse procedimento é deseducativo e demonstra a desmobilização da categoria. As razões da greve existem, são reais, mas essa prática mostra um descolamento do sindicato da sua base. É a chegada do neoliberalismo ao movimento sindical. Tudo se terceiriza, tudo se compra e se paga, até a militância. (Zero Hora – 01/10/2011)Dutra só se equivocou quanto ao momento. A lógica neoliberal vem ganhando o meio sindical há uns 20 anos. A conquista da CUT é só um pouco mais recente que isso.
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