Demissões em massa feitas por Estados e governos locais e limites aos diretos de greve de funcionários públicos começam a minar o que é hoje a base mais forte dos sindicatos americanos.As organizações sindicais têm reagido com promessas de se comportar e ajudar na resolução de uma crise que foi causada unicamente pelos patrões. Com isso mostram que a maior vítima da recessão que vem atingindo a economia mundial não tem sido o neoliberalismo.
É o que disse, por exemplo, Ignacio Ramonet durante debate feito no Fórum Social Temático 2012. Conforme relato de Katarina Peixoto publicado por Carta Maior em 26/01, o jornalista espanhol afirmou que é falsa a ideia de que a crise que explodiu em 2008 tenha marcado o fim do ciclo neoliberal. Desde então:
...os Estados se endividaram para bancar os mercados e lançaram políticas de empregos subvencionados. E, em 3 anos, os mercados se recompuseram e se voltaram de novo contra os Estados. Nas atuais reuniões de cúpulas já não se fala mais do regresso do Estado, na necessidade de políticas neokeynesianas e os mercados voltam a se impor sobre os Estados.Ainda segundo Ramonet:
No caso da Grécia e da Itália, o mercado impôs membros para os governos. Um fenômeno de golpe de estado financeiro. E não houve nenhuma reação da esquerda do governo. Só reação da população, nas ruas. Por um lado, a consequência é o avanço da extrema direita (antissemita, racista), que está no governo da Grécia e, por outra parte, um afastamento da política por parte da sociedade, que passa a rechaçar a política. Do Chile a Israel, passando pelos EUA, Londres e em muitos lugares na América Latina. Ou seja, temos uma crise em que o único que está se portando bem é o neoliberalismo, enquanto a política, a democracia e a sociedade estão padecendo de uma crise da qual não sabemos como sair.Corretíssimo. Mas é importante lembrar que essa crise deve-se a uma aposta errada feita por grande parte da esquerda. Trata-se da ocupação prioritária e quase exclusiva de posições no aparelho do Estado e do fortalecimento burocrático das organizações populares e sindicais.
Não à toa, as respostas que vêm abalando os poderosos são as que surgiram no ar livre das ruas e praças. Ou a esquerda adota este caminho, ou vai se asfixiar no ar refrigerado dos gabinetes e palácios.
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