Doses maiores

26 de junho de 2012

Dinheiro não compra felicidade. Só cartão

Em 23/06, Natália Paiva publicou na Folha o artigo “Filósofo põe em xeque limites morais das leis de mercado”. O texto resenha o livro "What Money Can't Buy (O que o dinheiro não pode comprar)", do filósofo americano Michael Sandel.

Na obra, Sandel “lista dezenas de exemplos para afirmar que a economia de mercado deixou de ser somente ferramenta útil para organizar a atividade produtiva: passou a definir relações sociais e valores morais".

Alguns exemplos: uma americana pode terceirizar a gravidez a uma indiana, pagando US$ 6.250. Por US$ 20 a hora, moradores de rua são pagos para ficar na fila do Congresso americano guardando lugar para lobistas.

Na África do Sul, US$ 150 mil é o que custa uma autorização para matar um rinoceronte-negro. Também é possível comprar o direito de nomear locais públicos, como uma estação de metrô, em Nova York.

Nos Estados Unidos, por pouco não foi criado um mercado de bebês para adoção. Seria destinado a “pais/consumidores dispostos a pagar de acordo com a lei de oferta e procura”.

Natália diz que o livro tem o mérito de levar o debate “para além da ideia de ‘cobiça’ associada a Wall Street e bandeira principal dos movimentos ‘Occupy’ que se rebelaram contra os mercados pós-crise de 2008”.

É verdade. Não se trata de uma questão moral, simplesmente. É uma lógica social. Mas essa conclusão não é novidade. Karl Marx já sabia disso século e meio atrás. Chamou de “fetichismo da mercadoria”.

Algo de que nem ele escapou. O banco alemão Sparkasse acaba de lançar um cartão de crédito que traz uma imagem dele como ilustração.

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