Doses maiores

28 de junho de 2012

A pequena política do PT

A aliança entre Lula e Maluf não deveria surpreender. É consequência natural da história mais recente do PT. Mais precisamente, desde que o setor dirigente do partido decidiu governar “com responsabilidade”.

Governar “com responsabilidade” implica aliar-se com os responsáveis pela secular situação de injustiça social do País. Por que Maluf estaria fora disso? Ou Sarney e Collor? E os desentendimentos com os tucanos só se explicam por problemas de pequena política.

O revolucionário Antonio Gramsci explicava a pequena política do seguinte modo:

A política menor compreende as questões parciais e quotidianas que se apresentam no interior das estruturas já estabelecidas, em virtude de lutas pela predominância entre as diversas facções de uma mesma classe política.

A definição aparece nos “Cadernos do Cárcere”. Em contraposição a ela, Gramsci define a grande política como sendo aquela ligada à “luta pela destruição, a defesa, a conservação de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais”. A única destruição a que o PT vem se dedicando é a da esperança de milhares de militantes. 

Mas seria injusto dizer que a atuação dos petistas nada tem a ver com a grande política. Esta também pode ter como objetivo "excluir a grande política do âmbito interno da vida estatal e reduzir tudo à pequena política", diz Gramsci. Aí, trata-se da política que interessa aos poderosos, claro.

Eis o papel a que o PT se reduziu. Apequenar as lutas históricas dos trabalhadores. Torná-las nota de rodapé da grande política oficial. Pelo menos, enquanto não conseguirmos voltar a fazer valer a política das pequenas lutas que se agigantam.

Leia também: Pesquisas justificam aliança Lula-Maluf

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