Doses maiores

1 de julho de 2015

Calamidades: as gregas e as nossas

Segundo Massimo Amato, no capitalismo, “as dívidas não existem para serem pagas, mas para serem compradas e vendidas". A afirmação do pesquisador em História Econômica da Università Bocconi, de Milão, foi feita ao IHU-Online, em 29/06.

De fato, os donos desses débitos tornados mercadoria escravizam muitos de seus devedores. Especialmente, os povos dos países cujos dirigentes se deixaram capturar por uma financeirização de dívidas que as torna impagáveis.

É o caso da Grécia, que acaba de se recusar a pagar os 1,6 bilhão de euros supostamente devidos ao Fundo Monetário Internacional. Segundo a imprensa, seria o primeiro “país desenvolvido a dar um calote no fundo”. Mas, na verdade, trata-se do mínimo de soberania que resta a um povo castigado há 5 anos. É a tentativa de sair da armadilha montada pelo FMI.

Quem conta essa história é Paulo Nogueira Batista, que era diretor executivo do FMI no momento do empréstimo, em 2010. Há vários meses, o brasileiro vem afirmando para a imprensa que o acordo firmado naquele ano foi apresentado “como um programa de resgate para a Grécia, quando, na verdade, foi mais um resgate dos credores privados do país”.

Ou seja, a fatura cobrada é dos bancos franceses e alemães. Não tem nada a ver com a “reestruturação da economia grega”, como dizem os representantes do Fundo. Claro que a grande mídia, aqui e lá fora, esconde esta situação.      

O peso dessa e outras dívidas ilegítimas no orçamento público grego é de 50%. No Brasil, esta proporção está em 45%. A calamidade grega não chegou aqui. Ela já está instalada há muitas décadas.

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