Doses maiores

19 de julho de 2015

Parlamentares trabalham muito, sim. Para nosso azar

Um dos maiores favores que a grande mídia faz aos piores políticos profissionais é tratá-los como gente que não quer saber de trabalho e só cuida de seus próprios interesses.

O repelente Eduardo Cunha, por exemplo, foi à TV na sexta-feira e desfiou uma lista de tarefas cumpridas. E ele tem razão. Sob sua presidência, a Câmara Federal trabalhou muito.

Desde fevereiro, foram aprovadas mais de 60 leis, alterações na Constituição e medidas provisórias. A grande maioria delas retirando ou restringindo direitos trabalhistas e so
ciais. É o caso da liberação das terceirizações e do corte de direitos previdenciários.

Quando anunciaram, recentemente, uma semana de recesso devido aos festejos juninos, os locutores de plantão bradaram: “Vê se algum trabalhador tem uma semana de folga remunerada! Eles dizem que vão visitar suas bases eleitorais. Mentira!”

Esse tipo de afirmação só causa mais despolitização. É claro que deputados e senadores vão visitar suas bases. O problema é que a base da grande maioria deles é formada por mega-empresários. Os mesmos que pagaram suas campanhas milionárias.

Além disso, a atividade parlamentar não deveria ser tratada como um trabalho qualquer. É uma função pública, que, inclusive, deveria ser impedida de se transformar em carreira através de reeleições sucessivas.

Ao invés de cuidar da frequência dos parlamentares, deveríamos verificar a que interesses eles servem quando estão no plenário. Mas isso a grande mídia não quer discutir. E não é à toa. Os que financiam os mandatos dos parlamentares também são anunciantes graúdos dos jornalões.

Então, da próxima vez que você ouvir alguém chamando parlamentares de vagabundos, responda assim: “Quem dera eles fossem”.

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