Doses maiores

28 de julho de 2015

Tchau não, Vito. Ciao!


Vito Giannotti gostava muito da canção “Bella Ciao”.

Italiana, ela teria surgido como um canto de camponesas que trabalhavam por temporada em plantações de arroz na planície de Padana.

Tornou-se música de protesto contra a Primeira Guerra e símbolo da Resistência Italiana contra os fascistas durante a Segunda Guerra.

Como muitos dos mais corajosos e determinados antifascistas eram anarquistas, Bella Ciao tornou-se um hino muito identificado com o anarquismo.

Vito também tinha fama de ser anarquista. É que o italiano internacionalista nunca se curvou à ortodoxia stalinista ou qualquer outra. Sempre foi plural em seu marxismo revolucionário.

Desde os tempos da Oposição Metalúrgica em São Paulo, ele lia, debatia, divulgava Gramsci, Pannekoek, Rosa. Não apenas Lenin ou Trotsky.

Outra razão para ser considerado anarquista é que Vito colocava acima de tudo as decisões tomadas pelas bases, aprovadas o mais democraticamente possível. Algo que aprendeu com a história dos conselhos de trabalhadores, seja na comuna parisiense, em Turim ou na Rússia revolucionária, com seus sovietes.

Vito não se incomodava com sua fama de anarquista. Ao contrário, para ele ser revolucionário era inseparável de ser libertário. Por isso, sempre cantava a Internacional Socialista acompanhada de “Bella Ciao”, ambas a plenos pulmões.

Na letra, uma camponesa diz que depois de morta, seu corpo enterrado semeará rosas da liberdade. E é exatamente isso que acontece a combatentes 
como Vito Giannotti. 

Mas é preciso lembrar um detalhe muito especial: “ciao” em italiano não é como o nosso “tchau” adaptado. Quer dizer tanto “até logo” como “olá”.

Então, até logo, Vitão. Continuaremos a te encontrar nas muitas lutas que virão.

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