Doses maiores

25 de junho de 2016

Jesse Owens contra o racismo

O filme “Raça” conta a lendária participação de Jesse Owens nas Olimpíadas de Berlim. A produção não é nenhuma grande obra de arte, mas vale a pena ser assistido.

Era 1936 e a Alemanha estava sob domínio de Hitler. Os Jogos seriam a oportunidade para comprovar a suposta superioridade da “raça ariana” também nos esportes.

O velocista negro estadunidense se encarregaria de estragar a festa nazista com quatro medalhas de ouro.

Em uma das cenas, um atleta alemão descreve para Owens a perseguição racista sofrida pelos judeus em seu país. O atleta americano não parece ficar muito surpreso. Afinal, grande parte de seus compatriotas negros passava por situação semelhante nos Estados Unidos.

O filme mostra a recusa de Hitler em cumprimentar o campeão negro. Mas a mágoa de Owens era outra. De Hitler, ele não podia esperar nada, mas “Roosevelt nem sequer me mandou um telegrama", teria dito.

Outra cena confirma essa condição humilhante. De volta a seu país, Owens e sua esposa tiveram que entrar pelos fundos no jantar realizado em sua própria homenagem. E o atleta morreria pobre e esquecido.

Mas o filme de Hopkins também esqueceu outros 18 atletas negros americanos presentes nos mesmos jogos. Todos medalhistas. É o que revela Flávia Oliveira em sua coluna do Globo de 16/06. Segundo o texto, essa história está contada no documentário “Orgulho olímpico, preconceito americano”, ainda inédito no Brasil.

Na época das olimpíadas alemãs, o Brasil começava a ser visto como campeão da democracia racial. Oitenta anos depois, nosso único campeonato garantido é o da violência contra pobres e trabalhadores. A grande maioria, negra.

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