Falso. Quase todos os patrões herdaram
suas empresas.
Ainda assim, responderia essa elite,
seus antepassados trabalharam duro para que sua descendência não só desfrutasse
como criasse oportunidades de trabalho para os despossuídos.
Tudo isso faria sentido não fosse o que
Marx chamou de acumulação primitiva do capital. O conceito aparece em “O
Capital” para descrever o surgimento do capitalismo. Foi nesse momento, por
exemplo, que os camponeses ingleses tiveram suas terras comunais roubadas pela
burguesia nascente.
Mas não só isso. Um trecho:
As descobertas de ouro e de prata na
América, o extermínio, a escravização das populações indígenas, forçadas a
trabalhar no interior de minas, o início da conquista e pilhagem das Índias
Orientais e a transformação da África num vasto campo de caçada lucrativa são
os acontecimentos que marcam os albores da era da produção capitalista. Esses
processos idílicos são fatores fundamentais da acumulação primitiva.
Na verdade, a tradução mais fiel do original em alemão para
o conceito seria acumulação “originária” do capital. O termo “originário” é uma
sutil referência ao pecado original bíblico. Aquele cometido pelo primeiro
casal, que expulsou a humanidade do Éden e nos condenou a continuar pecando.
Do mesmo modo, a burguesia surgiu cometendo
os piores pecados. E nunca mais parou. São inúmeras guerras, tragédias sociais,
catástrofes ambientais causadas por poderosos interesses econômicos.
A diferença, aqui, é que os piores castigos nunca
desabam sobre os maiores pecadores.
Leia também: As
cercas da internete
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