No mesmo período, dirigentes
do soviete de Petrogrado foram cercados por uma multidão raivosa. Tropas leais
ao governo provisório apareceram para salvá-los. Salvá-los de quê? De que fossem
obrigados a tomar o poder!
Essas
situações mostram toda a confusão daquele momento do processo revolucionário. Dizem
respeito a um fenômeno político que Lênin explicou em um artigo publicado alguns meses antes:
“Uma particularidade extremamente notável da nossa revolução consiste em que
ela gerou uma dualidade de poderes”.
Segundo o texto, essa
dualidade opunha de um lado o Governo Provisório, “da burguesia” e, de outro, um
“governo, ainda fraco, embrionário, mas indubitavelmente existente de fato e em
desenvolvimento: os sovietes de deputados operários e soldados”.
O que Lênin e os
bolcheviques defendiam era basicamente a transferência do poder do primeiro
para o segundo governo.
O problema é que a esquerda
moderada era maioria dentro dos sovietes. E insistia em respeitar o governo provisório,
apesar de seus membros se recusarem a cumprir as tarefas exigidas pela Revolução
de Fevereiro. Especialmente, a saída da Rússia da Primeira Guerra e a reforma
agrária.
Nessa confusão toda,
era preciso defender o lema “Todo o poder aos sovietes”, mas também obter uma
maioria revolucionária no interior deles. Manter o fogo revolucionário aceso nas
cidades, mas garantir o apoio do campo no imenso império russo.
E ainda há quem diga que
a Revolução de Outubro não passou de um golpe palaciano.
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