Doses maiores

25 de junho de 2010

Pela Seleção, contra o patriotismo

Dizem que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas. Nem todo patriota é canalha. Mas, os canalhas adoram o patriotismo.

A pátria dos milhões de trabalhadores brasileiros é a mesma de seus patrões? A quem interessa dizer que formamos uma só comunidade nacional? Os trabalhadores brasileiros têm mais em comum com seus companheiros na Argentina, Estados Unidos ou Japão do que com aqueles que arrancam seu couro falando português.

No Brasil, o último refúgio do patriotismo é a seleção brasileira. Seu uso político mais escandaloso aconteceu durante a Copa de 70. O povo comemorava e a ditadura torturava e matava. Tudo ao som de “Pra frente Brasil”. Portanto, desconfiar do uso político do futebol é normal. Em época de copa, é uma obrigação.

Atualmente, o uso dessa paixão nacional envolve mais dinheiro que política. Muita gente lucra com a camisa canarinho. E os jogadores não são os maiores beneficiados.

Nada disso autoriza a torcida permanente contra a seleção brasileira. Nem condena o futebol a ser só mais um “ópio do povo”. Na África, por exemplo, houve casos em que o futebol ajudou na mobilização do povo para se libertar dos colonizadores.

No Egito, um time chamado Al Ahly simbolizou a luta contra os ingleses. Na Argélia, Ferhat Abbas foi um dos líderes da independência do país. Referindo-se aos franceses, declarou: “Eles nos governam com pistolas e fuzis. No gramado, quando são apenas 11 contra 11, nós podemos mostrar quem é realmente superior”.

Torça sem moderação e sem patriotismo.

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