Um texto do marxista inglês Chris Bambery mostra que não é bem assim. “Hegemony and revolutionary strategy” foi publicado em abril de 2007 na revista “International Socialism journal”. Trata-se de publicação editada por Alex Callinicos para a tendência Socialismo Internacional.
Bambery cita alguns trechos de Gramsci para mostrar que o italiano era não só revolucionário, como leninista. Seu leninismo estava exatamente na preocupação de adaptar criativamente o marxismo revolucionário às condições da Europa Ocidental.
O artigo traz citações de Gramsci bastante demonstrativas de sua concordância com a concepção de partido que os bolcheviques defendiam. Eis uma delas:
O princípio de que o partido lidera a classe trabalhadora não pode ser interpretado de maneira mecânica. (...) A capacidade de liderar a classe relaciona-se, não ao fato de que o partido se auto-proclame órgão revolucionário, mas ao fato de que realmente consiga, sendo parte da classe trabalhadora, ligar-se com todos os seus setores e impulsioná-la na direção desejada e favorecida pelas condições objetivas. Somente como um resultado de sua atividade em meio ao povo, ele virá a ser reconhecido como o seu verdadeiro partido (conquistando uma maioria). Somente quando esta condição for conquistada, o partido colocará a classe trabalhadora sob seu comando.Em uma carta a seu companheiro de partido Amadeo Bordiga, Gramsci dizia que o reformismo da Segunda Internacional transformava as organizações socialistas européias em testemunhas passivas dos acontecimentos. Para ele, a organização partidária deve ser resultado “de um processo dialético, no qual o movimento espontâneo dos trabalhadores e o papel organizador e dirigente de seu centro político convergem”.
São elementos bastante característicos da concepção organizativa que Lênin defendia. Em breve, podemos voltar a esse texto para reforçar esta hipótese.
O texto na íntegra, em inglês, pode ser acessado aqui.
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