Dos torcedores mais convictos costuma-se dizer que são “doentes”. Corintiano doente, por exemplo. Algumas torcidas fazem questão de reivindicar a condição de sofredoras. Talvez, a do Corinthians seja a que tenha mais direito a esse estranho orgulho. De 1954 a 1977, o time amargou um penoso jejum absoluto de títulos.
Depois, com a chegada do “doutor”, começou a fartar-se com banquete de títulos e conquistas. Entre estas, a inesquecível e valiosa “democracia corintiana”. Em pleno declínio da ditadura militar, o médico recém formado liderava seus companheiros na luta por liberdade dentro e fora do esporte.
Sócrates era doutor, mas parecia esquecer-se dessa condição tão valorizada numa sociedade elitista e conservadora. Médico, preferia misturar-se à maioria formada por doentes e sofredores. Um povo magro como ele, dado hábitos pouco saudáveis e, principalmente, cagando para uma carreira de sucesso.
Ambições? Só as coletivas e as plebéias. Era nacionalista também. Desde que a nação fosse alvinegra ou aquela que torce pela camisa canarinho sem esperar recompensas financeiras. Em nome dessa coerência jamais abandonou seu olhar crítico. Jamais “pipocou”, como dizem. Longe dos campos, continuou a mostrar elegância, precisão e talento em favor dos indefesos.
Seus companheiros e companheiras de doença e sofrimento agradecem, doutor!
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