Doses maiores

14 de dezembro de 2011

Patinando à beira do abismo

Em “Tempos Modernos”, há uma cena em que Carlitos anda de patins usando uma venda nos olhos. Faz acrobacias sem notar que está à beira de um abismo. Felizmente, se dá conta antes de que o pior aconteça.

A grande mídia comemora o sucesso da Conferência do Clima da ONU. As principais vitórias seriam a renovação do Protocolo de Kyoto até 2017 e promessas de um novo acordo climático a partir de 2020.

Mas Rússia, Japão e Canadá se retiraram do Protocolo de Kyoto. Três dos maiores poluidores mundiais se juntam aos Estados Unidos, que já estava fora. Além disso, vários indicadores mostram que o desequilíbrio climático não pretende obedecer a prazos definidos em agendas políticas.

Outro motivo bobo de comemoração foi o recente anúncio do acordo na Zona do Euro, em Bruxelas. Os governantes de Alemanha e França impuseram sua receita aos 17 países integrantes da união monetária. Basicamente, mais neoliberalismo. Novas doses do veneno que já vem minando as economias da região.

O pior é que a saúde da economia alemã não anda tão bem assim. A dívida pública do país de Angela Merkel pode representar 185% de seu PIB e não os já elevados 83% admitidos. De qualquer maneira, as medidas anunciadas só começam a fazer efeito em meados de 2012. Muito provavelmente, tarde demais para evitar o pior.

Em Durban ou em Bruxelas, na economia ou na ecologia, o sistema dá sinais muito sombrios. Como o personagem de Chaplin, os líderes mundiais parecem não enxergá-los. Diferente dele, pode ser tarde demais para escaparem da queda.

Leia também: Democracia na base do "um dólar um voto"

3 comentários:

  1. Muitos estão o oba! oba! Meu 'time vai ganha' como se fosse um jogo e tratam os 'políticos' como deuses

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  2. Cegos do perigo mas de olhos bem abertos para o lucro. assim é o capitalismo e sua desastrada máquina de fazer dinheiro. ela se auto regula, se adequa, decepando maos, destruindo engrenagens, azeitada por sua incansável sede de gerar lucro. um verdadeiro desastre q só funciona bem para muitos poucos.

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