Doses maiores

20 de julho de 2016

Na raiz do terrorismo, a guerra

Em 19/07, Mario Sérgio Conti escreveu na Folha sobre o atentado em Nice. Segundo ele, “vigilância e investigação” não trarão paz à França. “O fim da guerra, talvez”.

De fato, o combate ao terrorismo está destinado ao fracasso enquanto não atacar suas causas. E estas não estão relacionadas à facilidade de acesso e uso de armas e explosivos. Até porque, como sabemos, até caminhões podem ser eficientes instrumentos de morte.

Reprimir, proibir ou perseguir religiões, modos de vida e convicções políticas também só desperta reações violentas na mesma proporção. É o que prova o aumento vertiginoso dos casos de ataques terroristas exatamente depois que foi iniciada a “Guerra ao Terror” pelo imperialismo ocidental.

Por outro lado, os recentes atentados contra policiais americanos foram cometidos por veteranos de guerras que os Estados Unidos travam pelo mundo. Foi nos campos de batalha estrangeiros que eles treinaram o ódio que acabou por se manifestar em sua terra natal.

Portanto, Conti acerta ao dizer que são as guerras as verdadeiras causas do terrorismo. Afinal, conclui ele, “não houve mais atentados terroristas na Espanha desde que o país tirou suas tropas do Levante”, referindo-se à região que abrange Síria, Jordânia, Israel, Palestina e Líbano.

Mas as muitas guerras que acossam o mundo desde a consolidação do capitalismo mostram que os conflitos bélicos são parte integrante de seu funcionamento. Além disso, vivemos sob o único sistema econômico na História que depende da existência de força de trabalho humana desocupada para diminuir seus custos de produção.

O capitalismo promove, ao mesmo tempo, desemprego em larga escala e abundante oferta de carne para canhão.

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