Doses maiores

21 de julho de 2016

A cara-de-pau do governo na Reforma da Previdência

“Sobra dinheiro na previdência”, diz o título da excelente reportagem de Cátia Guimarães, publicada no portal EPSJV/Fiocruz, em 18/07.

A afirmação é da economista Denise Gentil, professora da UFRJ. A receita bruta da previdência em 2014 foi de R$ 349 bilhões para pagar R$ 394 bilhões em benefícios, diz ela. Mas quando se incluem os mais de R$ 310 bilhões arrecadados da CSLL, Cofins e PIS-Pasep, o orçamento chega a R$ 686 bilhões. O déficit vira superávit com folga.

Mesmo quando entram nessa conta os gastos com saúde e assistência, sobram R$ 54 bilhões. O problema é que 20% do total geral são desviados pela Desvinculação de Receitas da União, criada pelos tucanos e mantida pelos petistas para garantir o criminoso pagamento da dívida pública.

Sem falar nos R$ 69 bilhões de renúncia fiscal dos recursos previdenciários previsto pelo Orçamento de 2016.

Em relação às previsões sobre quebra do sistema em 2040, Sara Granemann, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, pergunta: “Os governos não conseguem prever a próxima crise e querem nos convencer do que vai acontecer em 2040?”.

Na realidade, por trás disso tudo está o mercado de seguros. Em 1997, o Brasil tinha 255 fundos de pensão que movimentavam R$ 72 bilhões. Em 2015, eram 308 fundos e R$ 685 bilhões. Uma expansão feita às custas do desmonte da previdência pública.

Ou seja, tudo indica que a reforma da previdência só pretende turbinar ainda mais esse mercado bilionário. Neste caso, os trabalhadores não pagam a conta apenas com seus bolsos, mas com suas vidas.

Na previdência, sobra dinheiro. No governo, sobra cara-de-pau.

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