Doses maiores

17 de julho de 2016

O combate ao terrorismo como pretexto

Reginaldo Nasser é professor de Relações Internacionais da PUC-SP. Em 05/07, publicou em seu blog “Terrorismo: as realidades incômodas — e ocultadas”. Alguns dos números apresentados pelo artigo:

- 80% das vítimas de ataques terroristas no mundo estão em 5 países (Iraque, Nigéria, Afeganistão, Paquistão, Síria e Somália), ou seja, a grande maioria das vítimas são muçulmanas.
- 80% das mortes por terroristas no Ocidente são resultado de ações de grupos de direita. Ou seja, o “fundamentalismo islâmico” (não entendo porque não é classificado como de direita), não é a principal causa de terrorismo no Ocidente.
- Pelo menos, 437 mil pessoas são vítimas de homicídio a cada ano (no Brasil 56 mil), ou seja, 13 vezes mais do que o número de vítimas do terrorismo.

Além disso, diz Nasser, depois que os Estados Unidos e aliados declararam “Guerra ao Terror”, o número de pessoas mortas por terrorismo passou de 3.329, em 2000, para 32.685, em 2014.

Agora, alguns dados que não estão no texto:

- A fome causa 100 mil mortes por dia.
- O trânsito mata 3 mil, diariamente.
- Em 2016, haverá 1,5 milhão de mortes devido a tuberculose.
- O tabaco mata quase 6 milhões de pessoas todos os anos.

Tudo isso em nível mundial. Por que, então, não declarar guerra às indústrias de fumo e automóveis? Por que não enviar exércitos de profissionais de saúde para as regiões mais vulneráveis a doenças? Por que não gastar muitos bilhões em saneamento básico?

Porque o terrorismo civil é o pretexto perfeito para que o terrorismo estatal amplie seu poder sobre populações e recursos naturais.

Leia também: O Estado como instrumento de terror

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