Doses maiores

11 de julho de 2016

Panteras Negras: armados contra o racismo policial

Zéh Palito e Werc Alvarez
O assassinato de cinco policiais durante uma manifestação contra o racismo policial, em Dallas, Texas, abalou os Estados Unidos.

Lideranças do movimento negro estadunidense e no mundo todo condenam a ação. Mas não negam que era uma reação esperada diante da brutalidade racial das forças policiais estadunidenses.

Nestes momentos surge a necessidade de debater meios de autodefesa para os setores que lutam contra a exploração e opressão capitalistas. Mas não se pode alimentar a ilusão de que as forças de esquerda possam responder militarmente à violência estatal.

Nos anos 1960, os Panteras Negras foram para as ruas empunhando armas. Mas seus fundadores jamais defenderam o enfrentamento aberto contra o aparato repressivo.

Na verdade, os Panteras acompanhavam as ações policiais, limitando-se a exigir que a lei fosse respeitada por aqueles que deveriam zelar por seu cumprimento.

Mesmo armados, os militantes antirracistas não cometiam crime algum. Apenas exerciam o direito constitucional que tem todo cidadão estadunidense de portar armas para sua defesa.

O perfil militar dos Panteras era um modo de atrair a juventude e as lideranças populares para sua principal proposta: a educação política e a auto-organização dos explorados.

Entre os programas criados por eles estavam café da manhã gratuito para crianças, “Escolas da Liberdade”, clínicas gratuitas de saúde e cooperativas habitacionais.

Os Panteras combinavam legalidade armada com disputa de hegemonia. Desta combinação também fazia parte o combate a quem defendia ações discriminatórias e violentas contra brancos. Para eles, a questão central era a exploração de classe.

Em mais um momento de resistência radicalizada contra o racismo estatal, é fundamental aprender com esta importante experiência de autodefesa.

2 comentários:

  1. Sergio, nunca esqueço que me contaram, na época da faculdade, de um grupo de esquerda que defendia a união com bandidos. Diante do proletariado que tinha medo de pegar em armas, melhor era se unir aos que já as portavam.
    À principio, lendo seu artigo, achei que estava errado e o melhor era sair para o confronto. Mas não dá, ou pelo menos neste momento, e nestas condições, não dá. O momento de confronto armado não pode ser uma guerra só de revolta de pequenos grupos desorganizados.
    Abraço.

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    1. Marião, união com bandidos não dá em momento algum. Afinal é um “setor social” que precisa do capitalismo funcionando. Mas enfrentar militarmente o aparato repressivo também acho inviável. O arsenal inimigo é infinitamente superior. É por isso que nem os Panteras se atreveram a iniciar uma ação desse tipo. Pelo menos, não seus fundadores. No máximo, o que dá pra fazer é convencer a maior parte do aparelho repressivo a não agir contra os movimentos sociais ou se unir a eles. Foi mais ou menos o que aconteceu na Revolução Russa, quando as tropas se recusaram a obedecer ordens que não viessem dos sovietes.
      Valeu
      Abração

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