Em 05/10, Talita Bedinelli publicou matéria no portal El
País sobre a vitória de João Dória para a prefeitura paulistana. Entre as
pessoas que ela ouviu, estava o gráfico Domingos dos Santos Araújo, morador da
periferia de São Paulo.
Araújo justificou sua opção pelo tucano por tratar-se de
alguém que começou “de baixo, como o Lula. Ele é um trabalhador e convenceu a
classe trabalhadora...".
Em 07/10, o IHU-Online publicou ótima entrevista com o
sociólogo Henrique Costa. Comentando as eleições paulistanas, ele atribuiu a
vitória de Doria ao mesmo discurso meritocrático que foi usado pelos petistas
para comemorar o surgimento de uma “nova classe média”. Esse discurso, diz ele,
contribuiu para transformar Doria em alguém que teria “saído de uma situação de
inferioridade social para virar um empresário bem-sucedido”.
Por trás dessa falsa imagem está o fato de que a
burguesia é a primeira classe dominante na história que também trabalha. O que
diferencia os capitalistas de seus antecessores não é o ócio, muito menos o
luxo. É sua capacidade de se tornarem mais ricos e poderosos enquanto exploram
o trabalho alheio em tempo integral.
É por isso que Marx defendia o fim da exploração do
trabalho humano a partir da extinção do próprio trabalho assalariado, seja
formal ou informal.
A luta pelo pleno emprego não pode se tornar um fim em si
mesmo. Como disse certa vez Rosa Luxemburgo, a exigência por mais empregos pode se
transformar em luta por mais exploração. A perda dessa perspectiva pode levar
os socialistas a terríveis derrotas, mesmo em disputas tão mesquinhas como as
eleitorais.
Leia também: Os poderes mágicos do voto
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