Em seu livro “Capitalismo e Social Democracia”, Adam
Przeworski mostra os limites do keynesianismo como teoria do reformismo
europeu.
Segundo a elaboração de John M. Keynes, o Estado deveria
levar o empresariado a se comportar de acordo com os interesses gerais. Mas
para isso, o setor público deveria possibilitar à iniciativa privada margens
maiores de lucratividade.
O problema é que a lucratividade não sobe ou desce apenas
pela vontade dos atores econômicos envolvidos. Muitas vezes, os lucros caem por
força das crises econômicas periódicas e inevitáveis.
No “Manifesto Comunista”, Marx já afirmara que a
burguesia não pode existir sem revolucionar o conjunto das relações sociais. Ou
seja, é quase impossível assegurar longos períodos de estabilidade sob o
capitalismo.
Muito provavelmente, os 30 anos de tranquilidade
econômica do período posterior à Segunda Guerra resultaram da grande
queima de capitais e vidas promovida por aquele conflito. Esgotados seus efeitos,
a sustentação material do “Estado de Bem-Estar Social” ruiu. Desde então, as
crises teriam retomado seu ritmo e se aprofundado.
No nível eleitoral, diz o autor, as consequências logo apareceram.
Quando os salários caem ou o desemprego sobe, as pessoas simplesmente votam contra
o governo de plantão, seja ele reformista ou não.
Nessa situação, afirma Przeworski, fica claro que “estar
‘no poder’ dá pouco poder: os socialdemocratas estão sujeitos à mesma
dependência estrutural que qualquer outro partido”.
Por isso, há várias décadas, nenhum governo de esquerda
consegue adotar o modelo do “Estado de Bem-Estar Social”. No máximo, há tentativas
tímidas e de fôlego curto. Assim, chegamos ao pior dos reformismos. Aquele sem
reformas.
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