No artigo “As raízes econômicas do reformismo”, Tony
Cliff considera equivocado explicar a origem do reformismo pelo conceito de
“aristocracia operária”.
Este conceito foi utilizado por Lênin para descrever uma
pequena parcela dos trabalhadores, principalmente os de maior qualificação. Ao
desfrutar de melhores condições salariais, essa parcela acabaria defendendo os
interesses da burguesia no interior da classe operária.
Essa hipótese pressupõe que na fase imperialista do capitalismo
seria possível promover uma melhora substancial nas condições salariais de alguns
poucos setores de trabalhadores.
Para testar essa hipótese, Cliff compara os salários dos
trabalhadores qualificados e não qualificados entre as duas guerras mundiais na
Grã-Bretanha, com sua economia “avançada”, e na Romênia, “país economicamente atrasado”.
Descobre que há pouca diferenciação salarial entre os dois grupos nos dois
países.
Cliff também compara as condições de vida dos trabalhadores
na Grã-Bretanha (de 1957) com o cenário descrito em 1845 por Engels em “A
situação da classe trabalhadora na Inglaterra”. As condições melhoraram muito,
mas, de novo, de modo generalizado.
Para o autor, a expansão imperialista do capital tornou
possível aos sindicatos e partidos operários arrancarem concessões para os
trabalhadores sem maiores ameaças ao sistema. Daí o surgimento de “uma grande
burocracia reformista” capaz de bloquear o “desenvolvimento revolucionário da
classe trabalhadora”. Sua principal função é a de servir como intermediária
entre trabalhadores e patrões, negociando acordos entre eles e mantendo “a paz
entre as classes”.
Ou seja, o reformismo ganha largas parcelas dos trabalhadores,
não apenas alguns de seus setores. Para derrotá-lo não basta combater as
burocracias, mas disputar a hegemonia junto à classe como um todo. Voltaremos
ao tema.
Leia o artigo original, aqui
(em inglês)
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