Em “Capitalismo e Social Democracia”, Adam Przeworski
considera que a teoria keynesiana justificou a criação do chamado “Estado de
bem-estar social”.
As concepções econômicas de John M. Keynes teriam
permitido aos socialdemocratas europeus descobrirem que “a economia poderia ser
controlada, e o bem-estar dos cidadãos continuamente reforçado pelo papel ativo
do Estado”.
Até então, os partidos socialistas representavam apenas
a classe operária, diz o autor. Agora, os interesses particulares de curto prazo
dos trabalhadores poderiam ser contemplados de forma a coincidir com os
interesses de longo prazo de toda a sociedade.
Tudo isso funcionava, na prática, do seguinte modo:
(1) o estado opera aquelas
atividades que não são rentáveis para as empresas privadas, mas necessárias
para a economia como um todo; (2) o estado regula, nomeadamente através de
políticas anticíclicas, o funcionamento do setor privado; e (3) o estado
atenua, através de medidas de bem-estar, os efeitos distributivos do
funcionamento do mercado.
O grande problema é que:
...tendo se envolvido com setores
deficitários, os socialdemocratas minaram a sua própria capacidade de estender
gradualmente o domínio público. Além disso, os efeitos ideológicos não podem
ser negligenciados: a situação criada tornou o setor estatal notoriamente
ineficiente pelos critérios capitalistas e o resultado foi uma reação contra o
crescimento do Estado. (...) O alívio dos problemas não se torna transformação.
De fato, sem a transformação, a necessidade de aliviar a situação se torna
eterna.
O fato é que o capitalismo jamais teve vocação para a
estabilidade. Muito menos, para aliviar os efeitos negativos de seu
funcionamento.
Continua na próxima pílula.
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