Doses maiores

26 de outubro de 2017

A inteligência bolchevique na Guerra Civil Russa

Novas informações do livro “História da Guerra Civil Russa 1917 – 1922”, de Jean-Jacques Marie:

Na primavera de 1921, quando os bolcheviques esmagam a insurreição camponesa de Tambov, não utilizaram apenas canhão e metralhadoras. Para tentar separar a massa dos camponeses – majoritariamente semianalfabetos – dos revoltosos, eles editam 326 mil exemplares de 10 panfletos, 109 mil exemplares de 11 brochuras, 2 mil de uma bandeirola, 15 mil exemplares de cada um dos 12 números do jornal “O Agricultor de Tambov” e 10 mil exemplares de cada um dos 16 números do jornal especial da direção política do exército.

Mas exército comandado por Trotsky ia além do nível da informação.

Um soldado dos contrarrevolucionários escreveu:

...os Vermelhos se mostraram mais inteligentes e mais perspicazes: impiedosos com os “contras” de todo tipo, eles compreendiam a necessidade de entrar em acordo, de tempos em tempos, com o cidadão comum, que constituía 90% da população do país que queriam conquistar.

(...)

Os Vermelhos eram movidos pela simples aritmética somada à consciência de classe: de seu lado do front, foram essencialmente a burguesia e a intelligentsia que sofreram todas suas medidas repressivas e requisições; ora, essas categorias eram quantitativamente insignificantes e não contavam com nenhuma simpatia das camadas populares.

(...)

O povo de baixo não se compadecia das vítimas do terror vermelho; o destino delas lhe era indiferente e, em sua memória, os carrascos foram os Brancos. Assim, a política interna dos bolcheviques entre os anos 1918 e 1920 era justificada e foi efetivamente sensata, eu diria até que foi moderada.

Enfim, muito mais que baseada na bala, foi uma vitória classista.

Leia também: A Revolução Russa aprende a ser cruel

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