Do
livro “História da Guerra Civil Russa 1917 – 1922”, de
Jean-Jacques Marie:
Uma caricatura monarquista, muito
divulgada na época da guerra civil, representa Trotsky, com o nariz
bem adunco e a estrela de Davi no peito, com as pernas sobre o muro
do Kremlin; abaixo dele, montanhas de crânios. Sete soldados do
Exército Vermelho enfiam suas baionetas nesses crânios. Cinco deles
são chineses, facilmente reconhecíveis pelos olhos puxados e pela
trança. Os historiadores nacionalistas russos repetem um após o
outro que a vitória dos bolcheviques na guerra civil se deu graças
aos 300 mil estrangeiros dos batalhões e regimentos
“internacionalistas”, compostos de chineses, húngaros, alemães
– ex-prisioneiros de guerra –, ou coreanos, que haviam fugido de
seu país, que sofria uma feroz ocupação japonesa. Em sua
xenofobia, incluem frequentemente nesse grupo até mesmo regimentos
de basquires e quirguizes, populações que faziam parte do Império
Russo havia décadas. Eram tratados como indivíduos de segunda
categoria, senão pior.
Mas
esta terrível visão racista apoia-se em alguns elementos
verdadeiros.
Em
janeiro de 1918, em pleno campo de batalha, o general do Exército
Vermelho, Iona Yakir, foi acordado ao amanhecer por gritos. Eram uns
450 chineses, que trabalhavam em uma indústria madeireira da região.
Três
deles foram acusados de espionagem e fuzilados por tropas
contrarrevolucionárias. Furiosos, resolveram
se juntar aos “vermelhos”.
Eram
“soldados formidáveis”, diz o livro:
O vizinho, o colega, o amigo ou o
irmão tombam, e o soldado vermelho chinês, impassível e imóvel,
arma seu fuzil e atira até o último cartucho. Os cossacos não
fazem prisioneiros chineses; massacram todos, ou melhor,
despedaçam-nos a golpes de sabre.
Bom livro, né?
ResponderExcluir