Em “A Revolução Traída”, Trotsky lembra que Lênin definiu o socialismo
como “o poder dos sovietes mais eletrificação”:
Esta definição em forma de epigrama, cuja
estreiteza respondia a fins de propaganda, supunha em todo o caso, como ponto
de partida mínimo, o nível capitalista da eletrificação.
Realmente, naquele momento, ao lado do petróleo, a eletricidade era o que
havia de mais avançado. Apropriar-se de tais tecnologias era fundamental para
Lênin. Mas desde que sob controle do poder democrático dos trabalhadores
através de seus conselhos, os sovietes.
Agora, troquemos a grande novidade tecnológica daquela época pela
maior inovação de nossos dias. Não se trata da robotização, que faz parte da
vida produtiva há décadas, mas da robotização inteligente.
O principal insumo da inteligência artificial é o “big data”. Sem este
imenso conjunto de informações não haveria como dotar as máquinas de comportamento
inteligente.
Além disso, o gerenciamento adequado dessa imensidão de dados pode
revelar informações detalhadas e valiosas sobre praticamente qualquer esfera da
atual vida humana.
É o conjunto da sociedade que produz esses dados gratuitamente.
Principalmente, por redes virtuais, consumo, uso de serviços, etc. Manipular o
big data, porém, exige recursos que estão ao alcance de apenas alguns gigantes econômicos.
O proletariado russo só conseguiu dominar as fontes de energia
elétrica após tomar o poder. E quanto a nós, podemos esperar pela tomada do poder
para conquistar políticas que coloquem, por exemplo, o big data a serviço de
nossas lutas e objetivos?
A resposta mais provável é não. Se não lutarmos por controles
democráticos desse tipo de recurso desde já, a tomada do poder jamais virá.
Gostei da imagem do Lenin cibernético. O grande problema de implantar o socialismo é, ainda hoje, atingir o centro do capitalismo desenvolvido, com seu avanço produtivo e tecnológico. Ainda continuamos comendo "pelas beiradas". E, sinceramente, não vejo muitas possibilidades de ser diferente. Como disso chegar naquilo, continua sendo o desafio desde 17.
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