Doses maiores

20 de outubro de 2017

Bolcheviques enfrentam soldados cossacos na cara e na coragem

Uma das forças mais importantes no cenário da Revolução de Outubro eram os cossacos. Este povo originário das estepes da Ucrânia e sul da Rússia eram famosos por sua coragem e bravura, mas também por sua independência. Seus chefes eram os “atamãs”

Durante o processo revolucionário, muitos cossacos ameaçavam se alinhar aos contrarrevolucionários, desconfiados da rebeldia bolchevique.

Sendo quase impossível vencê-los, era fundamental neutralizá-los. É o que mostra o episódio abaixo, retirado do livro “História da Guerra Civil Russa 1917 – 1922”, de Jean-Jacques Marie:

O bolchevique Dybenko, responsável pelo Soviete da Marinha do Báltico, acompanhado por um único marinheiro, desembarca na noite de 31 de outubro, às três da madrugada, no quartel dos cossacos do atamã Krasnov em Gatchina, a 30 quilômetros de Petrogrado. Convida os que estão acordados a ouvi-lo, apesar da grande hostilidade dos oficiais. Numa sala em que o contorno dos rostos é pouco a pouco apagado pela fumaça dos cigarros, ele resgata a história da revolução de fevereiro até outubro e denuncia a política do governo provisório. Alguns oficiais o interrompem várias vezes, gritando “Cossacos, não acreditem neles!”, “São traidores da Rússia!”, “Expulsem esses espiões alemães”, “Batam neles!”, mas ninguém ousa pegar as armas e abater os dois bolcheviques. À medida que Dybenko fala, outros cossacos acordam e vão encher a sala, pequena demais para todos. Eles ouvem atentamente, indiferentes às vociferações dos oficiais, e fazem perguntas. Dybenko responde durante cinco horas, até às 8 da manhã; os cossacos decidem permanecer neutros entre os bolcheviques e Kerensky. É uma vitória da palavra, ou seja, da política.

Ou uma vitória da coragem política.

Leia também: Revolução bolchevique: gradual e pela base

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