Doses maiores

18 de outubro de 2017

Os marxistas bem depois da época de Lênin

Últimos trechos do artigo de John Riddell sobre a Internacional Comunista dos tempos de Lênin.

Referindo-se aos atuais agrupamentos marxistas, ele afirma:

Normalmente, cada grupo é limitado a uma única vertente da tradição marxista. Eles tendem a se fragmentar ao longo do tempo. Aumentam em número, enquanto se envolvem em uma guerra de cada um contra todos. As ligações com a classe trabalhadora não são fortes. As divisões geralmente decorrem da sua dinâmica interna e não dos desafios da luta de classe. A democracia interna é muitas vezes menos desenvolvida do que no início do Internacional Comunista.

As diferenças programáticas entre tais agrupamentos não são claras. Cada corrente é definida principalmente por sua cultura e tradições políticas. Essa fidelidade dá a eles um perfil rígido, dificultando que aprendam com as mudanças nas lutas, corrijam seus rumos e unam-se a outras correntes.

Mostram pouca capacidade de resolver as diferenças através da experiência. As lideranças muitas vezes ficam distantes do controle das bases e tendem a ser perpetuar (...). A disciplina visa menos à unidade contra o inimigo da classe e mais a manutenção dos membros alinhados ao que deve ser dito e feito. O sucesso é definido não tanto pelas vitórias da classe como pela capacidade de crescimento do grupo, acúmulo de recursos e recrutamento dos melhores entre seus concorrentes marxistas.

Para superar esses problemas, diz Riddell, não adianta tratar a experiência da Internacional Comunista de Lênin “como uma cartilha”. Mas sua história “deveria servir para estimular nossa imaginação”.

Realmente, imaginação é importante. Mas é só uma das coisas que anda nos faltando, há muitos anos.

7 comentários:

  1. Serginho, forçou na foto de ilustração desta pílula, hem.

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  2. Na veia, Sergio! Universal e... tristemente local. Falta consciência (e solidariedade, consequentemente) de classe - que falta que faz... Falta lastro e sentido histórico e compreensão dialética, mas sobra 'contradição' vazia (abundam as categorias de luta esvaziadas da história). Falta o horizonte da emancipação humana e abunda a luta política 'em si' mesma. A imagem, a meu ver, retrata bem rsrs Parece até assembleia docente universitária rsrs Forte abraço

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    1. Infelizmente, Alexandre. Até acho que as divergências são inevitáveis. O problema é o nível delas e a distância da realidade das classes exploradas e oprimidas e suas lutas.
      Esqueci de procurar uma imagem de assembleia estudantil, mas uma briga de torcida é menos cruenta (rs).
      Obrigado e um abraço!

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  3. Poderia também citar, ao menos alguma avaliação daqueles (marxistas) que ABORRECIDOS com as disputas internas vão se organizar nas autos-eu organizações e pouco ou nada contribui com a luta coletiva, muito menos seu processo de organização, isso quando não servem a outra classe se é que é possível alguma contribuição por fora das organizações classistas.

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    1. O problema, Rodrigo, é que entendo que os marxistas, principalmente os que se identificam com Lênin e Trotsky, devem sempre procurar em si mesmos e em sua militância os motivos pelos quais outros se afastaram. Afinal, se eles caíram na passividade diante do inimigo, a responsabilidade maior é nossa, não do inimigo.
      Abraço

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