No
final de julho, pelo menos 58 detentos foram mortos em Altamira. O maior
massacre desde o episódio trágico do Carandiru.
Não
foi um raio em céu azul.
O
município localizado no centro-sul do Pará apareceu como o mais violento do
Brasil na edição do Atlas da Violência, de junho de 2017.
O
levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Fórum
Brasileiro de Segurança Pública apontava uma taxa de homicídios e mortes
violentas de 107 por 100 mil altamirenses.
A
média nacional era de 30 mortes.
Em
2000, a realidade de Altamira era muito diferente. Aquela taxa era seis vezes
menor: 11 por 100 mil moradores.
E
o que aconteceu nesse intervalo de tempo para que se chegasse a esse estado de
barbárie?
A
resposta é tão precisa quanto triste e revoltante: a Usina de Belo Monte, cuja
construção foi lançada pela ditadura militar e perdeu impulso até que sua
conclusão virou questão de honra para os governos petistas.
Não
adiantaram os inúmeros protestos e denúncias de ambientalistas, entidades
populares e, principalmente, lideranças indígenas contra a construção. Foram
ignorados e desprezados.
Quando
questionado sobre a morte dos presidiários, Bolsonaro respondeu: "Pergunta
para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham". Frio e estúpido,
como sempre. Mas, neste caso específico, a diferença entre ele e seus
antecessores não é tão grande.
Os
governos petistas retomaram um projeto dos governos militares, imitando,
inclusive, seus métodos autoritários. Bolsonaro representa a mentalidade dos
carrascos a serviço daqueles governos.
A
esquerda que ajudou a promover esse reencontro entre a ditadura e seu porão também
deve explicações.
Leia também: Aos “caras pálidas” de todas as cores
Nenhum comentário:
Postar um comentário