Os conflitos da luta de classes em tempos de paz são fundamentais para as concepções estratégicas de Lênin. Ele os concebe, já em 1901, como “escolas de guerra”. É assim que analisa, por exemplo, as greves combativas: os trabalhadores não conhecem as leis e não convivem com autoridades, mas quando iniciam uma paralisação, enfrentam forças repressoras, que logo os ensinam muito sobre o caráter de classe das leis e autoridades.
Lênin observa que "a 'escola da guerra' ainda não é a própria guerra". No entanto, atribuiu-lhe uma importância fundamental. Por um lado, porque obriga o partido revolucionário a vincular-se à vanguarda operária. Por outro, porque permite que os revolucionários adquiram "virtudes guerreiras".
Uma abordagem semelhante foi realizada por Clausewitz em relação à possibilidade de conquistar hábitos de combate fora da própria guerra: manobras em que elementos como perigo, acaso, fadiga exercitam o julgamento, a capacidade de avaliação e até a determinação de comandantes e combatentes.
As “escolas de guerra” foram essenciais na preparação dos bolcheviques para a situação da Rússia durante a Primeira Guerra. Teve sua máxima expressão em fevereiro de 1917, quando aqueles que Trotsky chamou de “operários treinados por Lênin” lideraram a insurreição que derrubou o czarismo sem a anuência do próprio Lênin ou da maioria da direção do partido, que estava no exílio.
Escolas de guerra socialistas devem formar militantes capazes de agir e pensar com independência. Do contrário, eles serão capazes de fazer qualquer coisa, menos uma revolução.
As informações acima estão no livro “Estratégia socialista e arte militar”, de Emilio Albamonte e Matías Maiello. Na próxima pílula, continuaremos a comentá-lo.
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E quando não tem partidos revolucionários e sindicatos combativos? Desculpa a provocação.
ResponderExcluirAí, basicamente, ferrou!
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