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17 de março de 2022

Em tempos de paz, escolas de guerra revolucionária

Os conflitos da luta de classes em tempos de paz são fundamentais para as concepções estratégicas de Lênin. Ele os concebe, já em 1901, como “escolas de guerra”. É assim que analisa, por exemplo, as greves combativas: os trabalhadores não conhecem as leis e não convivem com autoridades, mas quando iniciam uma paralisação, enfrentam forças repressoras, que logo os ensinam muito sobre o caráter de classe das leis e autoridades.

Lênin observa que "a 'escola da guerra' ainda não é a própria guerra". No entanto, atribuiu-lhe uma importância fundamental. Por um lado, porque obriga o partido revolucionário a vincular-se à vanguarda operária. Por outro, porque permite que os revolucionários adquiram "virtudes guerreiras".

Uma abordagem semelhante foi realizada por Clausewitz em relação à possibilidade de conquistar hábitos de combate fora da própria guerra: manobras em que elementos como perigo, acaso, fadiga exercitam o julgamento, a capacidade de avaliação e até a determinação de comandantes e combatentes.

As “escolas de guerra” foram essenciais na preparação dos bolcheviques para a situação da Rússia durante a Primeira Guerra. Teve sua máxima expressão em fevereiro de 1917, quando aqueles que Trotsky chamou de “operários treinados por Lênin” lideraram a insurreição que derrubou o czarismo sem a anuência do próprio Lênin ou da maioria da direção do partido, que estava no exílio.

Escolas de guerra socialistas devem formar militantes capazes de agir e pensar com independência. Do contrário, eles serão capazes de fazer qualquer coisa, menos uma revolução.

As informações acima estão no livro “Estratégia socialista e arte militar”, de Emilio Albamonte e Matías Maiello. Na próxima pílula, continuaremos a comentá-lo.

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