No parágrafo acima de seu livro “Estratégia socialista e arte militar”, Emilio Albamonte e Matías Maiello estão se referindo ao duplo caráter da dominação de classe. O elemento consensual, conquistado através da hegemonia social e cultural, e a dimensão repressiva, em que pesam os instrumentos de coerção. Ambos convivem, claro. Mas quando o primeiro é insuficiente, o segundo se faz sentir de modo mais esmagador e explícito.
Eles citam Trotsky, que diz: “Os fascistas mostram audácia, saem às ruas, enfrentam a polícia, ameaçam fechar o parlamento. Isso impressiona o pequeno burguês desesperado”. Enquanto isso, continua ele, muitos dizem que a esquerda não deve assustar a classe média com a revolução porque ela abomina radicalismos.
O problema é que quando o pequeno proprietário perde a esperança, costuma se entregar facilmente às medidas mais extremas. Para Trotsky, a construção de uma aliança com os setores médios empobrecidos é fundamental. Mas desde que o proletariado mantenha sua independência de classe e aperfeiçoe seus mecanismos de autodefesa. Caso contrário, os setores médios acabam apoiando a repressão estatal e os atentados fascistas contra os trabalhadores.
Albamonte e Maiello citam ainda Carl Clausewitz, que diz que não se pode “perder de vista o inimigo para que, caso ele pegue sua espada de combate, não sejamos obrigados a nos defender com um estandarte”.
Ou seja, as bandeiras do proletariado podem ser muito bonitas, mas não são à prova de bala.
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