“A tática ensina como usar as forças armadas nos confrontos e a estratégia, como usar os confrontos para atingir os objetivos da guerra”. Che Guevara começa um texto de 1962 com esta referência à definição de tática e estratégia de Clausewitz.
Em seu livro “Estratégia socialista e arte militar”, Emilio Albamonte e Matías Maiello apontam Guevara como um crítico radical do “evolucionismo” reformista, limitado ao parlamentarismo, à luta sindical, às mobilizações pacíficas e à colaboração de classes, sem perspectivas revolucionárias.
Mas o problema, dizem nossos autores, é que Guevara tende a desenvolver uma oposição mais ou menos mecânica entre reformismo-pacifismo versus armada-revolução. No entanto, é perfeitamente possível promover ações armadas sem objetivos revolucionários.
Na verdade, Guevara retomou a guerra popular prolongada defendida por Mao Tsé-Tung. Mas a vitória dos guerrilheiros cubanos teria levado à equivocada ideia de que a “luta armada”, por si só, garantiria o caráter revolucionário do processo. Os meios teriam tomado o lugar dos fins.
Uma consequência importante dessa concepção é uma teoria divorciada de problemas estratégicos reais. Por isso, dizem Albamonte e Maiello, na obra de Che não se encontram elaborações significativas sobre fenômenos como o movimento camponês real, a urbanização e expansão da classe trabalhadora entre as décadas de 1950 e 1960 ou o movimento sindical.
Essa característica se refletirá no amplo leque de organizações que, nas décadas de 1960 e 1970, transformaram a guerrilha em estratégia. Apesar de seu heroísmo, um erro que muitos deles pagaram com suas vidas.
Se a guerra é continuação da política, esta jamais pode ficar a reboque daquela.
Concluiremos esta série na próxima pílula.
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