Em situações de guerra civil, muitas vezes ocorre um armamento generalizado da população. Cada lado do conflito procura armar o máximo de apoiadores. O problema ocorre na hora de desarmá-los. O livro “Estratégia socialista e arte militar”, de Emilio Albamonte e Matías Maiello, discute as contradições dessa situação.
Na Rússia, durante o processo revolucionário de 1917, a burguesia foi obrigada a permitir o armamento da população para superar a crise do czarismo. A partir daí, surgiram dois modelos de milícias populares. No modelo “democrático europeu”, elas eram heterogêneas do ponto de vista da composição de classe. Substituíam a polícia na manutenção da ordem e estavam sob o controle do Governo Provisório. Já as milícias operárias eram unidades formadas a partir das necessidades de autodefesa dos trabalhadores e respondiam aos comitês de fábrica. Era a Guarda Vermelha, que tirava o sono das classes dominantes.
Essa diferença entre as formas de organização militar popular está longe de ser desprezível. Um exemplo de “milícia cidadã” foi a Guarda de Assalto, surgida durante a Revolução Espanhola. Formada em 1932, acabou desempenhando um papel vergonhoso na repressão ao movimento operário entre 1936 e 1937.
No processo revolucionário russo, a Guarda Vermelha resistiu às tentativas de liquidá-la e manteve sua independência. Até que durante a tentativa de golpe do general Kornilov, no início de setembro, sua situação deu uma guinada. Passou da “semilegalidade” à legitimação junto aos trabalhadores, por sua atuação na derrota da contrarrevolução. Logo depois, se tornou a principal força armada dos sovietes.
Mas e quanto à polícia e ao exército regulares? É o que veremos na próxima pílula.
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Sim, um grande problema foi esse de entregar as armas após conseguir alguma coisa, mesmo que não fosse a revolução. A Revolução espanhola foi uma que entregou, a de Cuba acho que não entregou, enfim, nunca se deve entregar.
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