Doses maiores

11 de março de 2011

Que nem pinto no dólar

De janeiro até o início de março, entraram no País mais de 24 bilhões de dólares. O mesmo volume que ingressou na economia brasileira durante todo ano de 2010. Não é à toa. Oferecemos as maiores taxas de juros do planeta. Os investidores trocam dólar por real, compram papéis da dívida pública e lucram adoidado.

A enxurrada de dólares torna baratas as importações. Diminui a procura por produtos brasileiros. O resultado pode ser a chamada “desindustrialização relativa”. É o que diz Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Souza não se anima com os 10,5% de crescimento da produção industrial brasileira em 2010. Segundo o economista, a taxa só é alta em comparação com 2009, quando a indústria caiu 7,4%. Além disso, diz ele, de abril a dezembro, houve uma queda de 2,7% no setor.

O economista alerta para a perda de participação da indústria no PIB. Nos anos 1980, representava 27% do PIB. Hoje, está em torno de 16%. Ele admite que quando “um país cresce, as importações também aumentam para complementar a oferta nacional”. O problema é “que as importações já estão tomando lugar da produção nacional”, diz ele.

Confirmando tais temores, a China já não vende apenas bugigangas para o Brasil. É a segunda maior vendedora de máquinas e equipamentos, também. Nuvens pesadas se acumulam no horizonte. Menos produção leva a menos emprego e pressão por queda nos salários.

Em geral, dólar fraco só agrada a uma minoria. São os milionários, que podem viajar pra fora. Felizes como pinto no lixo. Lugar bem adequado para eles.

Mais informações em Desindustrialização relativa atinge indústria brasileira

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