Os setores populares podem sofrer uma grande derrota na Líbia. Não é só a possibilidade de Kadafi se manter no poder. Uma intervenção militar estrangeira seria tão ou mais desastrosa.
Resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada ontem permite o uso de força militar na Líbia. A medida foi defendida por França, Reino Unido e Estados Unidos. Ou seja, pelo núcleo do imperialismo ocidental.
Sempre que a resolução de um conflito dessas dimensões começa a depender do poder militar, as forças populares são as grandes vítimas. Trabalhadores e setores explorados não podem contar com grandes arsenais bélicos. Sua arma principal é seu número e o lugar que ocupam no setor produtivo.
É fundamental que os explorados paralisem a produção nacional. Construam comitês políticos locais coordenados nacionalmente. Somente desse modo podem fazer frente ao poder centralizado e repressivo do Estado. Podem conquistar o apoio de soldados das tropas oficiais. Transformar sua revolta em liderança social.
Fortes greves em setores produtivos foram determinantes para a queda das ditaduras na Tunísia e no Egito. Infelizmente, o mesmo não aconteceu no plano político. Não parece haver organismos políticos populares fortes o bastante para transformar a derrubada das ditaduras em luta contra o capitalismo e suas instituições.
Na Líbia, o movimento operário não parece estar à frente das revoltas. Comitês populares ainda estão sendo formados. Sem esses elementos, Kadafi se sentiu fortalecido. O deslocamento da luta para o terreno estritamente militar pode ser desastroso.
Um ataque imperialista poderia ajudar Kadafi a se passar por defensor da pátria. Ou iniciaria uma tragédia como a que vemos no Iraque e Afeganistão.
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