Ave, irmãos romanos. Dirijo-vos esta mensagem de muito longe, no futuro. Estou mais de 21 centúrias anuais à frente de nossa época.
São muitas as maravilhas que encontrei. Não teria como descrevê-las tão brevemente. Por isso, vou me ater à vida política destes tempos. A maioria dos povos atuais vive em repúblicas. Tal como nós, em Roma.
Muito me surpreendeu que já não haja escravidão. Ainda mais espantoso: até as mulheres são consideradas aptas a opinar nas coisas públicas. Isso permite o exercício do que eles chamam de “voto universal”. Portanto, vejo que rendeu frutos a luta que nós, plebeus, iniciamos em nosso tempo.
Lembro nosso primeiro grande movimento. Daqui, deste século, já se vão uns 2.500 anos. Retiramo-nos da cidade de Roma. Os patrícios ficaram sem nossos serviços. Foram obrigados a reconhecer o direito de elegermos um representante plebeu para o Senado.
Uns 20 anos depois, conquistamos a primeira Assembléia da Plebe. Foram precisos outros 20 anos para derrubar a diferença legal entre nossa gente e os patrícios. Aprovamos a Lei das Doze Tábuas. Gloriosas vitórias, sem dúvida.
Mas, percebi que a vida pública permanece vítima do mesmo mal que acometeu nossa república. A grande maioria do povo continua a influenciar pouco as coisas públicas. Agora como antes, só alguns têm condições de deixar de lado atividades relacionadas à sobrevivência. Apenas uma minoria se dedica aos afazeres políticos. Desse modo, governam conforme os interesses dos que têm o poder econômico.
Ao que parece, somente com o fim da classe dos que vivem do trabalho alheio, a verdadeira república será alcançada.
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