A Revolução
Industrial chegou e ”introduziu uma multidão de novos sons, com consequências
drásticas para muitos dos sons naturais e humanos que eles tendiam a obscurecer”.
A “Revolução Elétrica” traria mais efeitos sonoros amplificados e multiplicados.
O resultado é a
poluição sonora, que causa crescentes problemas de audição. Até as baleias
estão ficando surdas devido aos milhares de navios que cruzam os oceanos
anualmente. Por outro lado, cada vez mais gente vive com aparelhos ruidosos
conectados aos ouvidos.
Yi-Fu Tuan, no
livro “Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência”, acha que essa busca por
isolamento acústico acontece porque “as pessoas querem esquecer o sistema
espaço-tempo ligado aos objetivos, muitos destes percebidos como privados de
atrativos ou significados”. E que objetivos seriam estes? Podemos deduzir que é
a busca cega por lucros que sacrifica o bem-estar da grande maioria.
Mas nem tudo
está perdido. Schafer cita pesquisas de Howard Broomfield que mostrariam a
influência das estradas de ferro no nascimento do jazz. As “blue notes” típicas
do ritmo negro teriam sido inspiradas no “lamento dos apitos das velhas
locomotivas a vapor”, por exemplo. E “o claque-claque das rodas sobre os
trilhos” estaria na origem da batida percussiva do jazz e do rock.
Isso mostra que
a criatividade humana é capaz de arrancar beleza até desse pandemônio sonoro. Mas
será muito melhor quando nos livrarmos de toda a zoeira capitalista.
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