Doses maiores

25 de outubro de 2012

O lixo de que se alimenta o fascismo

No final de setembro, os jornais mostraram pessoas procurando comida em latas de lixo na Espanha. Muitas delas, trabalhadores assalariados. É a crise econômica castigando um país que já foi símbolo de abundância e dignidade. Resultado trágico da imposição do modelo neoliberal.

No entanto, há quem diga que foi a social-democracia que fracassou. Trata-se de John Weeks, respeitado economista da Universidade de Londres. Seu depoimento foi publicado pelo jornal argentino Página/12, em 23/10.

Weeks diz que os principais problemas dos países europeus em crise “têm a ver com os condicionamentos que aceitaram para entrar no euro. Neste contexto, diz ele, a União Europeia converteu-se no instrumento da Alemanha para governar a Europa”.

Ora, governo alemão quer dizer ditadura econômica neoliberal. O erro dos governos social-democratas foi se render a essa ditadura. E quando estourou a crise em 2008, também foram eles que se encarregaram de cometer o que Weeks chamou de crime: salvar os bancos. No caso da Espanha, o atual governo é de direita, mas continua a política que herdou dos social-democratas.

Desde o início da crise, o correto seria enfrentar o grande capital. Solução radical que a moderação social-democrata é incapaz de adotar. O problema é que as consequências estão longe de ser moderadas.

A Grécia é outro caso de social-democratas no comando. O país registrou 87 ataques racistas de janeiro a setembro. Pessoas revirando lixo para comer podem formar um exército de revoltados. Muitos delas podem tornar-se 
soldados do racismo e da xenofobia que vão se espalhando por toda a Europa.

O fascismo costuma se empanturrar desse tipo de lixo.

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