A Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo vai liberar seus trabalhadores para receber aulas sobre sindicalismo. A partir da semana que vem, o sindicato dos metalúrgicos do ABC dá início às primeiras turmas. É a primeira empresa a cumprir a convenção coletiva assinada em outubro de 2009. São cerca de 12 mil funcionários. Em breve, será a vez dos 4,5 mil trabalhadores da Ford.
Trinta e poucos anos atrás ocorreram as históricas greves que transformaram o ABC paulista no berço do chamado “sindicalismo autêntico”. De um lado, empresas como as citadas acima, apoiadas pela ditadura. De outro, sindicalistas ameaçados de prisão e tortura.
Parece estranho? Nem tanto. Ninguém nega a importância das lideranças daqueles movimentos. Foram responsáveis por atos heróicos contra a ditadura militar. Mas, o fato é que a maioria delas jamais quis romper com o capitalismo. Só queriam o Estado longe das negociações com os patrões.
Hoje, no ABC pagam-se os salários mais altos da indústria do País. Produto de muita luta, é certo. Mas, também da dinâmica capitalista, que faz da greve uma forma de valorizar o preço da força de trabalho sem questionar sua exploração. Por outro lado, os salários certamente subiram bem menos que os lucros que geraram.
O que está acontecendo no ABC não é uma vitória das lutas dos trabalhadores. É a rendição do sindicalismo à negociação de resultados. É a cara da Era Lula. Aliança com o capital para manter a exploração, torcendo para que as migalhas continuem chegando aos mais pobres.
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