Doses maiores

29 de abril de 2011

Exageros de pelegos preocupam patrões

Em 27/04, o jornal Valor publicou o editorial “Festa cara para esconder a falta de pauta combativa”. Refere-se às comemorações do 1º de Maio, em São Paulo. Segundo o texto:
O custo estimado para os dois principais eventos previstos é de R$ 5 milhões. A festa da Força Sindical e outras quatro centrais (UGT, CTB, CGTB e Nova Central) deve custar algo entre R$ 2,5 milhões e R$ 2,7 milhões. O convescote da CUT, outro tanto.
O jornal descreve como será usado esse dinheiro todo:
A festa unificada da Força Sindical e outras quatro centrais terá shows de artistas populares como Zezé Di Camargo e Luciano, telões de alta definição e mil seguranças contratados pela organização. A CUT, por seu turno, planejou uma festa temática cujo slogan é ‘Brasil-África’. Entre outros eventos está prevista uma feijoada com roda de samba para 30 mil pessoas no Vale do Anhangabaú.
Segundo o editorial, nada disso consegue esconder “a perda de combatividade do movimento sindical”, que teria sido “capturado pelo governo no laço das verbas e dos cargos federais”. Afirma que cerca de 42% da cúpula dos cargos de confiança federais seriam ocupados por sindicalistas.

O Valor é um jornal voltado para o público patronal. Por que estaria cobrando combatividade do movimento sindical?

Tudo indica que o objetivo é atingir o governo petista com a velha acusação sobre a formação de uma “república sindicalista”. Era assim que a direita chamava o governo João Goulart. Nada mais que um pretexto para preparar o golpe militar. É verdade que muitos sindicalistas mamavam nas tetas públicas. Mas, a vaca nunca deixou de pertencer aos patrões. Quando foi preciso, mandaram a vaca pro brejo com os pelegos pendurados nela.

Mas, o jornal também pode estar preocupado com os exageros do sindicalismo oficial. Afinal, se as direções das centrais governistas continuarem a mostrar seu “rabo preso”, alternativas combativas podem se fortalecer.

É o caso do campo formado por Conlutas e Intersindical. As duas entidades fazem clara oposição ao governo e aos patrões. Mas, passam por muitas dificuldades para se consolidar junto aos trabalhadores. As demonstrações de rendição explícita do sindicalismo governista podem abrir-lhes espaço. Deve ser isso que preocupa o jornalão patronal.

Leia também: Jirau e o direito de ser pelego

2 comentários:

  1. Esse processo de reconstrução da nova esquerda demora décadas;
    Além dos problemas conjunturais da reestruturação produtiva que devemos estar atentos.
    A organização a partir de células de produção, em cada setor, fábrica.
    Os conselhos de organização é uma possibilidade de ação.
    mas tudo isso pode parecer caótico e barbarie.

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  2. Pode ser, Osní, mas é preciso combinar o lado objetivo com o subjetivo. Processos históricos não estão sob nosso controle, mas a militância que os tem como referência pode apresentar elementos subjetivos capazes de superar os obstáculos e procurar corrigir os erros que aprofundam nossas dificuldades objetivas.
    Abraço!

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