Doses maiores

6 de abril de 2011

Que tal aplicar botox no bebê?

Mônica Bergamo anunciou na Folha de hoje um novo produto Disney:
Um sutiã cor-de-rosa com bojo de espuma imitando o formato de seios é vendido para menina de seis anos nas Lojas Pernambucanas.
Em fevereiro passado, a Walmart lançou maquiagem anti-envelhecimento para crianças.

Forçar o amadurecimento de crianças desse modo não pode ser saudável. Mas, os adultos também estão cada vez mais infantilizados. A maioria se agarra a uma juventude idealizada. E os mais idosos tentam se distanciar de suas limitações físicas naturais a todo custo.

Não é à toa o aparecimento da marca Disney nesta história toda. A poderosa empresa americana é o maior símbolo de toda essa infantilização. Seu mundo ideal é a “terra do nunca” de Peter Pan. Um lugar em que ninguém nunca cresce. No caso dos mais velhos, a "terra do sempre". Onde todos permanecem sempre jovens, ágeis e inocentes.

Tudo isso é mais complicado do que parece. A própria idéia de infância não é algo que existiu sempre. Vários historiadores dizem que ela é uma invenção recente. Na Idade Média, por exemplo, crianças eram consideradas adultos em miniatura.

O medo e a vergonha da velhice também são coisas novas. A maioria das sociedades tradicionais sempre valorizou os veteranos e sua grande experiência.

O que parece estar por trás disso tudo é uma disputa de mercado. Só a venda de brinquedos não basta. O comércio de produtos para adultos não é suficiente. O mercado farmacêutico e medicinal para idosos também é pouco. É preciso empurrar tudo e todos para pontos de consumo que se cruzam.

Para o mercado, pais ideais são aqueles que compram mamadeiras automáticas e lingerie sexy para seus bebês. Aplicação de botox também é recomendável.

Leia também: Apostando no mercado de catástrofes

Um comentário:

  1. Alô Sergio,bom dia! Concordo com tudo o que disse mas tem um dado que venho observando que se soma a estes,trazidos por vc.Normalmente,quem passa,não digo incólume mas pelo menos sem tantas turbulencias,por toda a pressão da sociedade para que sejamos eternamente jovens e lindos,são aqueles que estão em páz com o passado.Quem,por sorte,determinação,perceverança ou tudo isso junto,conseguiu realizar seus sonhos,ou parte deles,convive melhor com a passagem do tempo e aprende a equilibrar a paisagem interna com a externa.Aqueles,seja por que razão for,que se perderam de si pelo caminho,são os que,verdadeiramente,alimentam a indústria da juventude.Não,somente,por uma questão de estética mas é como se assim,pudessem trapacear com o tempo,por a ampulheta na horizontal,esticar o relógio e quem sabe,ter uma segunda chance de começar de novo sem o peso da própria história.Belo texto,abraços mil,Anna Kaum.

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