Doses maiores

29 de novembro de 2012

As maiores vítimas do julgamento do mensalão

Manchete do Globo de hoje (29/11): “O maior golpe na impunidade”. Uma gravura de Joaquim Barbosa mostra que o assunto é o mensalão. Um caderno especial estampa o título “Um julgamento para a história”.

A edição anuncia a definição das penas de todos os envolvidos no caso. Na verdade, comemora um julgamento que condenou lideranças históricas do PT. Antigos desafetos do jornal e de boa parte da classe dominante brasileira. Não se trata de acreditar na inocência dessas personalidades. Mas cabe desconfiar de uma disposição para condenar jamais vista naquela corte antes.

Por outro lado, oito dos onze juízes do Supremo foram indicados pelos governos petistas. O próprio Joaquim Barbosa foi nomeado por Lula. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também. Ambos foram decisivos na condenação dos envolvidos com o mensalão. Ao confiar na insitucionalidade burguesa, o PT acomodou-se dentro de uma armadilha.

Mas as maiores vítimas dessa armadilha não são os réus do mensalão. Muito menos as lideranças e a direção do PT. Estes últimos sabiam o que estavam fazendo. E seguem convictos de que estavam certos. Afinal, a popularidade de seu governo continua alta, apoiando-se na vocação corrupta da política oficial.

A verdadeira vítima da armadilha institucional é uma pequena parte da militância petista. Aquela que nunca concordou ou se fez cúmplice das sujeiras petistas. Permanece socialista e combativa. A ela resta a necessidade de refletir sobre uma frase atribuída à revolucionária Rosa Luxemburgo: “os socialistas não mudam o Estado. O Estado é que muda os socialistas”.

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