Tudo isso tem pouco a ver com qualidade de ensino. Aparecer
no topo da classificação do exame garante a cobrança de mensalidades caras. O Objetivo,
por exemplo, cobra 1.800 por mês. Mas há aquelas, como o Vértice, cuja
mensalidade ultrapassa os R$ 3 mil.
Para turbinar seu desempenho, muitas escolas particulares
colocam para fazer a prova apenas alunos que estão acima da média. No exame de
2010, por exemplo, 60% dos estabelecimentos tiveram menos da metade dos alunos
no Enem. E em apenas 7,6% deles mais de 90% dos alunos fizeram o exame.
Ou seja, quatorze anos depois de criado pelos
tucanos, o Enem se consolida como mecanismo de disputa de mercado. Mas este é não
é o pior lado do exame. Essa forma de classificação também vai impondo um modelo
de educação restrita, elitista e voltada para o mercado. Vai reforçando o que Pierre Bourdieu chamou de “racismo da inteligência”.
Segundo o sociólogo francês, trata-se de um tipo de
discriminação “característica de uma classe dominante cujo poder repousa em
parte sobre a posse de títulos que, como os títulos escolares, são considerados
como uma garantia de inteligência”. Na verdade, mais uma forma de justificar a
dominação e a exploração da maioria pela minoria.
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