Doses maiores

6 de novembro de 2012

EUA e China: tranquilidade política, terremotos econômicos

O mundo concentra sua atenção nas eleições americanas. Mas deveria olhar também para a China. Agora, em novembro, acontece o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês. Muito provavelmente, Xi Jinping será nomeado secretário-geral do Partido e assume a presidência do país no início de 2013.

A grande mídia costuma fazer comparações tortas dos dois processos. Nos Estados Unidos, a democracia. Na China, a ditadura. Num, o capitalismo. Noutro, o comunismo. Na verdade, há mais paralelos que oposições. A ditadura é comum a ambos. Mas a chinesa, é política. A estadunidense, é de classe. Em ambas, a oposição a partir de baixo não tem vez.

Outra característica compartilhada é a base econômica. Só acredita que a China é comunista quem ignora o que é o capitalismo. Os Estados Unidos são os maiores compradores de manufaturados chineses. A China é a principal credora da dívida pública americana. Juntas e integradas, as duas economias são responsáveis por 30% da produção mundial.

Tamanha conexão impede graves desentendimentos entre os dois governos, mesmo em momento de transição. Essa mesma integração aumenta os riscos de novos e piores abalos econômicos. Basta uma forte redução na atividade econômica na China para afetar seu poderoso parceiro. Uma crise da dívida americana abalaria a enorme economia chinesa..

É assim que funciona o sistema capitalista. A relativa tranquilidade na superfície política pode esconder sinais subterrâneos preocupantes. Geograficamente, China e Estados Unidos ficam em lados opostos. Mas as placas tectônicas da economia ligam as duas potências e se movimentam perigosamente.

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