Doses maiores

22 de novembro de 2012

Consumo e conservadorismo convivem muito bem

Da coluna de Ancelmo Gois, publicada no Globo em 18/11:

O site de compras de passagens Vai Voando começará, em 2013, a vender bilhetes aéreos em quiosques em 150 favelas do Rio. Fechou parceria com a Central Única de Favelas.

O Banco do Brasil, a 20 dias de completar um ano na Rocinha, comemora a abertura da milésima conta corrente no morro. As agências da Cidade de Deus e do Complexo do Alemão, abertas em janeiro de 2011, já superaram a marca. O volume de empréstimos nas três favelas, acredite, chega a R$ 8 milhões.

Ainda segundo Gois, a Rocinha “vai ganhar a sua primeira sexshop”. Tudo isso sinaliza um expressivo aumento na renda dos mais pobres. Mas não é algo que mereça muita comemoração.

Ao contrário, a ampliação do direito de consumir pode levar a uma espécie de conformismo que mantém os direitos mais básicos no péssimo patamar em que se encontram. Estamos falando de saúde pública, educação de qualidade, respeito às leis trabalhistas e aposentadoria digna.

Ao mesmo tempo, o lado perverso de nossa sociedade continua forte e vigoroso. É o que mostra o título de reportagem de Raimundo Oliveira, publicada pela Rede Brasil Atual, em 19/11: “Ascensão social faz aumentar casos de racismo em shoppings e universidades”.

Segundo a matéria, “pessoas negras enfrentam discriminação e preconceito em ambientes antes frequentados apenas por brancos”. Na verdade, o capitalismo convive muito bem com o conservadorismo. Ambos se alimentam e preservam um ao outro.

Leia também: Preconceito racial e consumo

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