Doses maiores

25 de novembro de 2013

O racismo ganha de goleada, sem jogar

Há 40 anos, um jogo de futebol amador acontece na zona sul de São Paulo. Os times são definidos pela cor da pele. É o Preto X Branco, que envolve moradores do bairro de S. João Clímaco e da favela de Heliópolis. Mas é desta última que costuma sair a grande maioria dos jogadores negros.

Um excelente documentário sobre o evento é “Preto contra Branco”, de Wagner Morales. O filme mostra as contradições que a disputa provoca.

Pra começar, é grande a confusão na hora de separar os jogadores pela cor. A pele mais clara não esconde traços e cabelos de origem africana. Mesmo assim, muitos negros jogam do lado branco. Dificilmente, há casos de jogador branco passando-se por preto.

Um dos jogadores é filho de mãe negra. Para enorme desgosto do pai branco, optou por jogar no lado preto.

No bar, integrantes dos dois times se reúnem para beber e bater papo. O clima é bom até que começam as piadas racistas. Os que se assumem negros não gostam.

No calor do jogo, explodem as ofensas racistas. Mais que isso, alguns brancos lembram aos negros que são os donos do clube onde a partida é realizada. A rivalidade ameaça descambar para a violência física. Mas o samba e a bebida no final da partida parecem ajeitar tudo.

Um jogo desses é perigoso para a ideologia da democracia racial. Não há times “marrons”, “moreninhos”, “escurinhos”. A disputa escancara o que deveria ficar escondido. E envolve justamente o esporte mais popular do País.

Para continuar vencendo o jogo, o racismo brasileiro não pode entrar em campo.

Clique aqui para assistir o documentário de Morales.

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