Doses maiores

15 de junho de 2017

O básico sobre Junho de 2013, de novo

No Brasil, no governo do PT adotou-se a emulação do crescimento (PAC – Política de Aceleração do Crescimento), visando a, em primeiro lugar, anabolizar o PIB. E a dependência da exportação de matérias-primas, hoje elegantemente denominadas commodities, agravou o processo de desindustrialização.
     
A corrupção se entranhou nas estruturas governamentais, cooptou líderes políticos como agentes de interesses privados de grandes corporações e corroeu a credibilidade ética da esquerda. Abandonou-se o horizonte socialista e acreditou-se na política de inclusão assistencialista dos mais pobres, sem alterar minimamente as estruturas sociais e os direitos de propriedade.
     
Cedeu-se à falácia de que o capitalismo é passível de humanização. Priorizou-se o acesso da população a bens pessoais (celular, computador, eletrodomésticos etc.) e não a bens sociais (alimentação, saúde, educação etc.).

Não houve empenho em preparar as bases de uma democracia participativa. Movimentos populares foram alijados como interlocutores preferenciais ou cooptados para atuarem como correia de transmissão entre governo e bases sociais.
     
É hora de fazer autocrítica e corrigir rotas, antes que seja demasiadamente tarde. Pena que, em seu congresso nacional, na primeira semana de junho, o PT tenha declinado desse dever político sob o pretexto de não dar munição aos adversários. Quem se cala, consente.

As palavras acima estão no artigo “Autocrítica da esquerda”, publicado no “Correio da Cidadania” em 13/06. São de Frei Betto, amigo pessoal de Lula.

É perfeitamente possível concordar com quase tudo o que diz o texto. Mas não é verdade que chegou a “hora de fazer autocrítica e corrigir rotas”. Este momento já ficou para trás. Mais precisamente, há exatos quatro anos.

Leia também: O básico sobre Junho de 2013

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